sexta-feira, 2 de março de 2012

Para não esquecer: Associação Guajiru: Ciência, Educação e Meio Ambiente.


A Organização Não Governamental (ONG) Associação Guajiru, foi criada em março de 2002, a partir da parceria entre os biólogos Rita Mascarenhas e Douglas Zeppelini e o representante da comunidade Valdi Silva Moreira, proprietário do Bar do Surfista, na praia de Intermares, no município de Cabedelo/PB, onde hoje funciona também a sede da ONG.
Valdi foi o primeiro a perceber que ali havia desovas de tartarugas marinhas, as quais estavam sujeitas a diversas ameaças trazidas pela urbanização que se instalava naquela praia. Por si só, começou a proteger os ninhos e quando conheceu os biólogos esse cuidado passou a ser feito com qualidade técnica.
O Projeto foi denominado Tartarugas Urbanas, para chamar atenção da comunidade sobre os impactos negativos que a urbanização sem planejamento traz a população de tartarugas marinhas
.Além disso, a ONG passou a atuar com um Projeto de inclusão social, a Escola do Surf, visto que é comum na região crianças e jovens em vulnerabilidade social, muitas vezes sem acesso a escola.
A Escola do Surf oferece a estas crianças e jovens aulas de surf, reforço escolar, apoio médico e odontológico e alimentação, mas para isso devem estar matriculados na escola, obtendo boas notas e provando a sua assiduidade nas aulas.
Depois de 9 anos de existência a Associação Guajiru permitiu que 95.000 filhotes de tartarugas marinhas retornassem ao mar, proporcionou o desenvolvimento de pesquisas científicas, ministrou cerca de 2.000 palestras educativas, alfabetizou 12 crianças e ofereceu oportunidade para que destacassem no esporte.
No ano de 2011, durante os meses de janeiro a março, ano esta Bióloga Doidona aportava para uma grande, emocionante missão profissional e  um sonho a ser concretizado: trabalhar com tartarugas-marinhas. 
A labuta era forte, com jornadas diárias de caminhadas sob sol escaldante, carregando peso, fazendo necrópsia e enfim todas aquelas coisas que já descrevi anteriormente em minucias, porém apesar de o esforço ser grande, a satisfação de estar fazendo um bem para o mundo é o que trazia a tona a vontade de continuar. 
Ao ver aquelas pequenas tartaruguinhas correndo sobre a areia, indefesas frente a imensidão que as espera, com uma multidão que se locomovia só para as assistir, enchia meus olhos de esperança.
No fim, foi gratificante receber o resultado da temporada 2010-2011 com 158 ninhos  monitorados e cerca de 12 mil filhotes de tartarugas- marinhas que seguiram para o mar cumprir o seu papel seja ele qual for.
Agora, um ano depois, estou eu cá novamente, em João Pessoa/PB, com o objetivo turístico,  rever família e amigos e para apresentar a terra querida ao Moreno, meu companheiro e também autor de muitas fotos postadas neste blog.
Cheia de saudades queria ver o que não vi, este lugar lindo com as praias cada vez mais lotadas de lixo parecem não causar incomodo algum aos seus usuários mais frequentes e a ONG permanece funcionando a partir de garra de quem acredita, pois continua com praticamente as mesmas condições, enfrentando as mesmas dificuldades.
Exceto pelo novo patrocinador a lanchonete "Tartaruga Burguer", a principal forma de obtenção de renda continua pela loja de souvenires onde turistas que visitam o projeto, após receberem palestra informativa, consomem alguns artefatos. 
O dinheiro obtido através dessas fontes mal dá para manter o projeto que conta apenas com uma sede provisória no Bar do Surfista na praia de Intermares, no município de Cabedelo.  A mão-de-obra é toda voluntária, com dificuldade de manter uma equipe fixa, sendo esta itinerante, com maior pico de estagiários durante os meses de janeiro e fevereiro.
Mesmo com tantas dificuldades o projeto continua firme e forte e obtém resultados importantes, principalmente com as tartarugas-marinhas, porém poderia ser ampliado para cobrir mais praias do litoral paraibano, além de aumentar seus projetos de inclusão social e educação ambiental.
Para tanto, deveriam se preocupar com a causa o poder público, iniciativa privada e também as pessoas no geral.
No dia 23/02/2012 fui a praia para vivenciar mais um nascimento das pequenas,o ninho 05 da temporada reprodutiva 2011-2012 rendeu 132 filhotes de tartaruga-de-pente, haviam dezenas de pessoas amontoadas para ver este espetáculo da natureza e tudo isso é justamente para falar sobre o Espetáculo e uma visão crítica, uma nova posição sobre as situações que observei agora de fora do projeto.
 As pessoas se deslocam para ir até o local no horário, se encantam com o nascimento, emocionam-se, aplaudem, escutam a palestra educativa e ficam impressionadas, voltam para casa e a degradação das praias do litoral da Grande João Pessoa pelos resíduos sólidos permanecem, suas ações em prol a melhoria do meio ambiente e de sua própria qualidade de vida não acontecem, ou seja esse animais encantadores estão ali apenas para mais um espetáculo, oferecendo-os um serviço de lazer, para entreter a si e aos seus filhos, instigando ainda mais a prepotência humana frente a natureza, nos destacando dessa, olhando-a com superioridade, ou seja, achando que os recursos naturais existem para nos servir.
Limites são estabelecidos, para que todos assistam a corrida das tartarugas ou corrida pela vida, porém estes nem sempre são respeitados, ficam desesperados para ver os filhotes e para isso sobem na restinga, debruçam-se nas cordas, ou ainda permitem que as crianças transpassem a barreira.
E aqui fica a reflexão, o que falta para aprendermos a nos incluir como parte do meio ambiente, sabendo respeitar o equilíbrio e não degradar nas nossas atividades mais comuns??
Educação de base, alteração do sistema, criação de unidades de conservação??? 
Tudo isso, mais vontade e interesse em não desistir nunca, mesmo que as vezes dê vontade.






Nenhum comentário:

Postar um comentário