segunda-feira, 17 de outubro de 2011

História de como a luta e a arte podem estar no sangue.




Foto: Moreno Dantas




Terra Viva

(Jorge B.M. de Jouza e José Paz, o Zé dentista da Campininha)


Terra, ambição
Guerras, incompreensão
São muitos com pouco
São poucos com muito

Terra, divisão
Guerras, talvez não
Podemos ser felizes
Viver em paz
Com terra para todos
Com terra para se plantar

Terra não vai faltar
Guerras , nunca mais
Vai ter que ser assim
Essa é a solução
Se não acontecer
Virá a revolução
Viva a revolução

TERRA,GUERRAS e PAZ.....!


Poesia: "Caráter do que emociona, toca a sensibilidade. Sugerir emoções por meio de uma linguagem."*

Minha arte pode ir para o lixo, pode não servir para nada,não interessar a ninguém, mas representam para mim o aprendizado da forma, como no andar balbuciado de um bebê vouu ao encontro da mais delicada maneira de expressar a minha fúria, o meu jeito de amar, o que posso sentir e achar do mundo que me rodeia.
Minhas palavras confusas e minhas imagens sem técnica, ajudam-me a compreender o que nos norteia e atordoa, e nisso tudo nem sempre possui beleza para os olhos de quem enxerga, mas contém muita emoção para a parte de quem fez, por isso me atrevo a denomina-la de poesia.


*Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. RJ: Nova Fronteira, 1993. 

Cadê?



Desfoque
Cinza esfumaçado
Janela Trincada
Horizonte Inibido

Ideias estacionadas
perdidas aleatoriamente
impossível de reconhecer 
ou retornar

Esqueço, Estremeço
Me arremeço.



Foto e Texto: Mariana Paz M. de Souza

O que há??




Semelhanças fortes
Diferenças existentes
Medos em comum
Paralisia da vida
Laços frágeis estabelecidos
Pelo que o condena.

Permaneço só pelas trevas da vida
Embaraçada,
Desatenta,
Incrivelmente amável,
Destrambelhada
Desastradamente prossigo crédula, incrédula
Novamente tropeço no que não posso fugir
Mesmo amedrontada
Luto ou luto
Por tudo que me faz te sentir aqui.




Texto e imagem: Mariana Paz M. de Souza

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Quando o povo quer, o povo pode: História dos moradores de Campeche contada pela jornalista Elaine Tavares:


Comunidade do Campeche faz ouvir sua voz: cai a passarela
Por Elaine Tavares – jornalista
 
De repente, no meio das dunas, entre o verde da mata e o amarelo da areia começou a crescer um monstro de pau. Misteriosamente vinha de um condomínio de luxo, construído na beira da praia. Por dias, o que se via da areia era uma profusão de madeiras, pregos e homens. A comunidade espiava, no seu jeito ilhéu, cismando. E o monstro vindo.
 
Então, numa manhã, aquela língua de madeira chegou à praia, destacando-se nas dunas como uma ferida aberta, uma grotesca chaga, um manifesto separatista. Desembocava cinicamente, e sem pudor, no exato lugar onde por anos vicejou o bar do Chico, espaço solidário da comunidade do Campeche, lugar das conspirações, das lutas e das festas populares.  O bar que foi derrubado numa manhã chuvosa e gris, sem que as gentes do lugar pudessem fazer nada, depois de levar anos em luta para mantê-lo onde estava. Vieram as máquinas e os homens do poder. “Está sobre as dunas, tem que cair”, diziam.
 
Agora, o Condomínio Essence, um pequeno monstrengo moderno, de dezenas de apartamentos espremidos entre si, mas de alto padrão, reafirmava seu poder, tripudiando da comunidade na qual pretende incluir mais de mil moradores. O monstro de madeira era uma passarela que ia desde a saída dos prédios até a beira da praia, serpenteando por entre as dunas. Um refúgio seguro para os privilegiados moradores. Uma caminhada de 300 metros sem colocar o pé no chão. A natureza servindo utilitariamente apenas como paisagem.  
 
A comunidade que cismava, decidiu agir. Vieram reuniões, idas aos órgãos ambientais, prefeitura, secretarias. Se o bar do Chico caíra, porque a passarela haveria de ficar nas dunas? “Vai proteger”, alardeavam alguns defensores da natureza. Mas, quem vive no Campeche sabe muito bem o que é que protege as dunas e a natureza. É a gente do Campeche, pessoas que amam o lugar e que amam viver num bairro jardim, onde a natureza não é coisa, é parte de cada um. Esse povo não protege a natureza porque é bonito ver o verde, as dunas e a praia. Protege porque o verde, as dunas, a praia estão entranhados no modo de ser de quem vive nesse lugar, nativo ou não.
 
Todos os caminhos institucionais foram trilhados, mas ninguém ouviu o clamor. O secretário do “desenvolvimento” ainda ameaçou: “Isso é o futuro. Virão outras”. Isso porque o projeto dessa gente que administra a cidade é fazer uma Florianópolis só para quem pode pagar bem caro por ela. E isso inclui a natureza. Nos enormes cartazes das construtoras, a praia, a areia, o sol, tudo está à venda, incluído no preço. E com um sabor a mais. A pessoa ainda não precisará viver o incômodo de sujar o pé. Pode pegar sua cadeirinha na porta de casa e ir até a beira do mar protegida pela passarela. Haverão de banhar-se?
 
Na última sexta-feira (30) o povo protestou. Nada aconteceu. No dia seguinte, voltaram as gentes. Desta vem em maior número. Sábado de sol. Praia bonita. Passarela terminada, bem nos destroços do bar do Chico. Era coisa demais. Uma instalação artística re-construiu o velho bar, com uma foto do seu Chico.  Alguns choravam. Outros reclamavam, indignados. Então alguém gritou: “ao chão”. O mesmo grito dos homens do poder ao histórico bar numa manhã chuvosa. Mas, nesse sábado, não teve máquina. Teve gente. Teve comunidade. Uma a uma, unidas em pequenos grupos, as pessoas foram arrancando os paus, na mão mesmo, puxando,  quebrando, libertando a duna do monstro de pau. Em pouco tempo já havia uma montanha de madeira e o malfadado “deck” já era. Ouvia-se o riso, corriam as lágrimas, palmas. “Foi um dia histórico. A comunidade mostrou que, unida, pode fazer valer a sua voz”.
 
A passarela foi arrancada da duna, mas a luta não acabou. Essa é uma queda de braço entre dois projetos muito claros: um deles prega o desenvolvimento predador, ainda que só de alguns, os clientes. O outro insiste em manter um modo de vida que avança com o tempo, mas que não destrói. Que preserva cultura, jeito de ser, simplicidade e harmonia com a natureza. É uma batalha titânica que cabe agora ao sul da ilha. O norte já passou por isso e perdeu. Aqui no Campeche, agora que é noite e cai uma chuva fina, as pessoas estão em casa, cismando e fazendo planos. Conheço meus vizinhos e sei: se depender de cada um, a passarela não volta mais.
 
 
Existe vida no Jornalismo
Blog da Elaine: www.eteia.blogspot.com

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Belo Monte, Não!!!!





Re-experimentar sensações. Apesar do cinza de gelar o coração explodiu a vontade de viver e de me vencer. Encontrar-me esse foi o objetivo. Sai para luta esperando não encontra-la devido ao mal tempo, grande engano, lá estava aquela energia vibrante da multidão que sabe o que é realmente importante.Aproximei-me timidamente, como quem só quer tirar algumas fotos e de repente lembrei que aquela luta também é minha!
Entonei alguns cantos e me emocionei lembrando de quem eu era e matei. O pranto foi inevitável ao lembrar da floresta e das pessoas enxotadas dos seus devidos lugares. 
Entre os dias 20 e 22 de agosto de 2011 várias cidades brasileiras e ainda 15 países se manifestaram contra a construção da Usina Hidrelétrica denominada Belo Monte, que será instalada no Rio Xingu localizado na Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas, atingindo diretamente 3 municípios paraenses: Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo, provocando a inundação de 668 Km² de Floresta Amazônica e a expulsão de mais de 50.000 habitantes da região.
A sazonalidade do Rio Xingu é o principal ponto de discussão em respeito da viabilidade do projeto, em épocas de seca a Usina Belo Monte poderá gerar 93% menos energia do que o previsto, porém é a maior obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal, estando envolvidos cerca de R$ 30 bilhões e após concluída será a maior Usina Hidrelétrica exclusivamente brasileira.
Embora o Jornal Nacional da Rede Globo tenha divulgado um conto de fadas, obras semelhantes como a UH de Estreito no Tocantins, conforme divulgado pela revista "Caros Amigos" de agosto, é um exemplo negativo de promessas não cumpridas à população afetada, segundo a jornalista Débora Prado a construção da UHE "só gerou pobreza e desolação por onde passou."
A manifestação na cidade de São Paulo, aconteceu no dia 20 de agosto, levando as ruas cerca de 1.000 pessoas, que reuniram-se no MASP, seguindo pela av. Paulista até a Rua Haddok Lobo onde esta localizada a sede do IBAMA na capital paulista.
Tentando expressar os meus sentimentos através da fotografia, ganhei o dia com a imagem daquele meio sorriso, que estava ali sem saber o porquê: a pequena descendente indígena não sabia da sua função ali, mas representava muito bem a marginalização sofrida pelos povos indígenas desde que estas terras foram invadidas. 
Lindos rituais foram apreciados pelos presentes que aclamavam por respeito e dignidade a vida, e então a fogueira foi acesa e o trânsito da Avenida Paulista interditado!





Entre buzinas e irritações, os paulistas obcecados pela pressa não sabiam o que estava acontecendo, estes eventos não interessam a mídia que nos manipula, porém aqueles doidos só queriam chamar atenção para um mundo melhor.
O povo gritava: " Se Belo Monte não parar, nós vamos parar o Brasil!!", mas os gananciosos estúpidos gritam: " Belo Monte vai continuar, porque o Brasil não pode parar."
Lamento, o canteiro de obras já esta instalado e não há humanidade no mundo que pare o dinheiro.


Fotos: Mariana Paz
Links consultados:
http://www.xinguvivo.org.br/
http://www.socioambiental.org/

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Nascimento 17/02/2011





Nada mais bonito do que acompanhar o nascimento das pequenas, nessa hora você sente que valeu a pena atravessar o Brasil, gastar o dinheiro que você não tem e trabalhar diariamente embaixo de sol escaldante.
O tempo de eclosão varia de acordo com as espécies e temperatura da areia, aqui no litoral da Paraiba, como 90% das tartarugas que desovam são a tartaruga de pente, sabemos que o tempo de incubação demora entre 45 a 60 dias, sendo mais comum com 50 a 53 dias.
O Projeto TAMAR- ICMbio, é o mais conhecido mundialmente pelo manejo de tartarugas marinhas, o trabalho deles ocorre em áreas livre de urbanização, com exceção da base de Ubatuba, mas que não corresponde a uma área de desova e sim de alimentação. 
Na Associação Guajiru, que possui parceria técnica do TAMAR, o trabalho ocorre em praias muito urbanizadas, logo são necessárias intervenções para que não ocorra extinção regional destes animais.
As tartarugas marinhas, possuem o que chamamos de fidelidade reprodutiva, ou seja, quando nascem são capazes de fazer leitura do campo magnético da Terra, através de mecanismo ainda desconhecido, o que funcionara como um GPS, assim que alcançarem idade reprodutiva retornarão a praia onde nasceram para desovar. Além disso, a cada 1000 tartaruguinhas nascidas 1 ou 2 chegarão a maturação sexual, porém isso só ocorre com entre os 20 ou 30 anos. Esses dados ocorrem em condições naturais, desconsiderando ainda as atividades antrópicas que afetam essas populações.
As tartaruguinhas que naturalmente nascem durante a noite e se guiam pelo branquinho das ondas quebrando na areia para atingir o mar, se confundem com a iluminação urbana seguindo em direção contrária e morrendo de cansaço, desidratação ou mesmo atropeladas.
A partir da criação da ONG, os ninhos passam a ter seus nascimentos monitorados, realizados   durante o dia, através de uma técnica denominada cesária de areia.
Com o perfil de temperatura da região conseguimos ter uma previsão da eclosão dos ovos, com isso, a partir da data prevista começamos a verificar diariamente o ninho observando se houve ou não eclosão do ovo e em qual profundidade elas estão. Quando atingem cerca de de 20 cm de profundidade em relação a superfície, significa que nasceram naquela noite. Então fazemos a intervenção, realizando o nascimento as 15h30m e chamando a comunidade para assistir, como instrumento de sensibilização.
Para fazer o nascimento, isolamos a área do ninho e de soltura, fazemos uma planagem na areia, para retirar marcas de pegadas que causam um gasto energético enorme para as tartaruguinhas. Retiramos-as uma a uma atentas para não perder a conta, depois contamos também os ovos gorados (não fertilizados), os embriões que não vingaram e as tartarugas nascidas com algum defeito.


No nascimento do dia 17/02/2011 soltamos 42 tartaruguinhas no mar, lindas e indefesas nadarão até encontrarem um local abrigado e com alimento disponível, estudos demonstram que nas primeiras 24 horas 10% já serviram de alimento para outras espécies, inclusive para animais que possuem valor comercial, o que demonstra o  um papel ecológico importantíssimo  que se alterado afetará a população humana.


Tartarugada



Dia 15/02/2011 foi um dia especial para os estagiários da Associação Guajiru, pois saímos numa Tartarugada. E para quem não sabe o que isso significa, eu explico: um monitoramento noturno em praia que ocorre desova de tartarugas marinhas, porque assim é possível avistar as fêmeas realizando a postura.
Estávamos com um número grande de estagiários no dia, então foi possível nos dividir em dois grupos, desta forma garantindo a segurança de todos. O grupo guiado pela coordenadora do projeto Rita Mascarenhas e pelas tartaruguetes Vanessa e Gabriela, seguiram com os demais estagiários seguiram ao sul da Praia de Intermares e o grupo que eu estava inserida junto com a Cami, o Mozart e mais outros estudantes, fomos para o norte da mesma praia.
Iniciamos a nossa tartarugada as 20h30m, todos foram dispostos a passar a noite percorrendo a praia, se assim fosse necessário, estavamos munidos de lanternas, canivetes, capa de chuva, lanchinhos e alguns friorentos portavam inclusive blusas de frio, porém as 20h40m o outro grupo já conseguiu avistar uma fêmea.
A tartaruga era da espécie popularmente conhecida como de Pente, E. imbricata, que coloca cerca de 150 ovos por ninho, ao avista-la o grupo deve se manter afastado até que esta inicie a desova.
Quando o animal sai do mar e encontra o local adequado para a nidificação, inicia o procedimento cavando o Body Pit, que é um buraco que a mantém camuflada. Depois de garantir a sua segurança, a tartaruga começa a cavar a câmara de ovos com as nadadeiras traseiras e inicia a desova, é a hora de se aproximar, pois a tartaruga entra numa espécie de transe e não se pertuba com o movimento ao seu redor, neste momento os biólogos iniciam procedimentos de biometria, marcação e coleta de material biológico, para pesquisas e acompanhamento da fêmea, que possibilitaram aperfeiçoamento nos mecanismos de conservação da espécie.
Depois da desova, a mãe tartaruga cobre os ovos e faz o disfarce da cama com as nadadeiras dianteiras e segue seu caminho de volta para o mar, a partir dai sua missão foi cumprida ss tartarugas marinhas não possuem cuidado parental, agora corre tudo por conta da natureza.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Associação Guajiru







Associação Guajiru é uma ONG ( Organização Não Governamental), localizada na praia de Intermares, no município de Cabedelo/PB, atuante desde 2002 foi criada por biólogos e pessoas da comunidade preocupadas com a conservação ambiental, promoção da ciência e educação. Para atingir este objetivo trabalham com dois projetos: Tartarugas Urbanas e Escola do Surfista, que funcionam com apoio exclusivo de voluntários.
O projeto Tartarugas Urbanas move esforços para conservar as praias de João Pessoa em que ocorrem desova de tartarugas, garantindo a procriação das espécies e a convivência pacífica entre estes animais e os usuários da praia. A denominação do projeto foi escolhida porque a área de desova das tartarugas esta localizado dentro do perímetro urbano, portanto sujeita a diversos impactos ambientais negativos.
Das cinco espécies de tartarugas marinhas existentes no Brasil a Tartaruga de Pente ( Eretmochelys imbricata) é a mais comum no litoral paraibano, a temporada reprodutiva da espécie vai de novembro a junho, com picos de desova entre os meses de fevereiro e março. Uma mesma fêmea pode fazer mais de uma desova por período reprodutivo, colocando cerca  de 150 ovos por ninho. Já sofreu muito com a caça predatória, seu casco foi extremamente utilizado na fabricação de adornos como bijuterias, armação de óculos e pentes. Hoje em dia a 
espécie é classificada como criticamente em perigo de extinção (IUCN).
Nas praias de Intermares (Cabedelo/PB) e Bessa (João Pessoa/PB), são os locais que ocorrem maior concentração de desovas, porque, apesar da urbanização, as características naturais essências para que ocorra a desova permanecem próprias e isso se deve muito a atuação da ONG nestas praias. 
Religiosamente, todos os dias pela manhã, uma legião de voluntários sob a coordenação da Profa. Dra. Rita Mascarenhas, percorrem quilômetros de praia em busca de novos ninhos, reconhecidos pelo rastro deixado na areia e a "bagunça" típica deixada pela mãe tartaruga.



Rastro de tartaruga marinha na areia.


Pelo rastro conseguimos saber por onde a tartaruga subiu e por onde ela voltou para o mar. Na chegada ela esta mais pesada por causa dos ovos que carrega e o esforço é maior, fazedo marcas mais profundas na areia, enquanto na decida, bom "Para descer todo santo ajuda", logo o rastro é mais superficial.
Posteriormente, a câmara de ovos é localizada apenas por biólogos ou pessoas da comunidade treinadas, com procedimento que em outros tempos era utilizado por pessoas que consumiam os ovos.
Estes são cercados com madeiras e tela, para protege-lo da ação de predadores, inclusive o homem, são catalogados, numerados e monitorados diariamente. Quando há algum em área de risco e necessário fazer transposição dos ovos para uma área abrigada.



Ninho cercado, evidência de urbanização ao fundo.

Praias urbanas trazem uma série de imapactos ambientais negativos que refletem nas tartarugas. O trabalho é árduo, todo feito na raça, com muita força de vontade dos envolvidos e pouco dinheiro, mas é extremamente gratificante e me orgulho de poder fazer parte disso.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Estágio Associação Guajiru/Projeto Tartarugas Urbanas - João Pessoa/PB

No mês de fevereiro de 2010 visitei a capital paraibana João Pessoa e então tive a oportunidade de conhecer o projeto Tartarugas Urbanas, o qual me causou admiração pelo trabalho realizado na praia de Intermares, principalmente por esta estar localizada dentro do perímetro urbano da Grande João Pessoa, com presença de fatores que ameaçam a biodiversidade como a destruição do habitat pela especulação imobiliária e projetos urbanísticos, grande visitação pública e acúmulo de resíduos sólidos.
Agora tenho a oportunidade de participar deste projeto, que para mim significa atuar com as áreas da biologia que mais me identifico e acredito como fundamental e transformador, que são o manejo, a educação ambiental e o planejamento através da gestão costeira integrada e compartilhada.
Em minha opinião, estratégias de conservação in-situ são essenciais para a manutenção da biodiversidade e quero colaborar para que as dificuldades sejam enfrentadas, como: manter áreas protegidas, recuperar áreas degradadas, proteger a espécie de predadores e assegurar a reprodução.
As ações que priorizem mobilização e conscientização da população na conservação ambiental são fundamentais para ter sucesso com a prática de manejo, portanto me interesso em participar em ações de educação ambiental pela certeza do poder transformador dessa prática.
Toda ação proposta deve ser bem planejada, portanto a gestão costeira integrada entre os diversos setores e compartilhada com todos os envolvidos é muito importante para que os objetivos finais sejam cumpridos com excelência.
Há também o desafio pessoal de passar um tempo em outra cidade, com outra cultura e clima, além de ficar longe de casa e sair da zona de extremo conforto. Mas, aposto que será incrível e voltarei outra de lá.
Enfim...bye São Paulo... e João Pessoa, lá vou eeeuuuu!!!!


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tartarugas Marinhas

Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata)

As Tartarugas marinhas pertencem ao Reino Animalia, Filo Chordata, Classe Reptila, Ordem Testudine, Subordem Cryptodira e as Famílias Cheloniidae e Dermochelyidae, a primeira com 6 espécies descritas e a segunda com apenas 1 espécie. Das 7 espécies, 5 são encontradas no Brasil: tartaruga verde (Chelonia mydas), Cabeçuda (Caretta caretta), de couro (Dermochelys coriacea), de pente(Eretmochelys imbricata) e oliva (Lepidochelys olivacea).
Esses animais são conhecidos pela sua longevidade, alta capacidade migratória e impressionante capacidade de orientação, nadam por centenas de quilômetros, mas retornam para a praia onde nasceram para desovar. 

Capacidade Migratória das Espécies de Tartaruga encontradas no Brasil.

Tartarugas marinhas acasalam no mar, em regiões profundas ou próximas a costa, passam maior parte do tempo no mar, mas utilizam as praias para desovar. O período de desova é guiado pelas estações mais quentes do ano, as tartarugas escolhem as praias desertas e esperam escurecer, pois a temperatura da areia esta mais baixa e a escuridão as protege de possíveis predadores, escolhem o local adequado e com as patas dianteiras cavam o local onde realizará a postura, os ovos são esféricos, possuem casca calcária e cada ninho guarda cerca de 120 ovos.
Os ovos ficam incubados entre 45 a 60 dias, dependendo do calor do sol, quando eclodem as tartaruguinhas em movimento sicronizado cavam até atingir a superfície e correm em grupo em direção ao mar guiadas pela luz do horizonte.
Apesar dos esforços de pesquisadores e ongs, infelizmente as cinco espécies que encontramos no litoral brasileiro, ainda encontram-se ameaçadas de extinção. Segundo dados do TAMAR a cada 1.000 filhotes nascidos 1 ou 2 chegam a idade adulta e a maioria das espécies atingem maturidade sexual entre os 20 e 30 anos.
São diversas as ameaças sofridas por esses animais, que vão das naturais, predação principalmente quando filhotes e as antrópicas, como luzes artificiais que desorientam as tartaruguinhas quando saem dos ninhos, essas podem seguir em direção contrária ao mar devido a presença de luzes artificiais, pesca incidental, pois ficam presas em redes e anzóis, além do lixo marinho e outras coisas.
Preservar não só as tartarugas, mas todas as espécies é um dever de todos nós, não deixar lixo na areia das praias já é um bom começo e gosto sempre de repetir para os fumantes que bituca de cigarro também é lixo e pode ser muito prejudicial se for engolido por um animal.



Chelonias ou Testudines ( Tartarugas, Jabutis e Cágados)

Acasalamento de jabutis

Os Quelônios são os répteis mais antigos e evoluiram pouco com a passar dos 200 milhões de anos, habitam regiões tropicais e temperadas e diferenciam-se dos outros répteis principalmente pela presença do casco embutido no esqueleto, que permite ao animal esconder-se por completo dentro dele.
São divididos em duas subordens: Cryptodira, são os que conseguem guardar a cabeça no casco em um só movimento e Pleurodira, que colocam a cabeça dentro do casco através de movimentos laterais.
Normalmente as pessoas tendem a chamar todos esses animais de "tartaruga", mas diferenças anatômicas, fisiológicas e de habitats entre as famílias:
- Cágados pertencem a subordem Pleurodira, são semi-aquáticas, possuem pés com membranas para nadar e dedos com garras para sair do rio e cavar os ninhos e possuem o casco achatado.
- Jabutis: são Cryptodira, com casco arredondado e essencialmente terrestres, possuem dedos com garras e patas troncudas para sustentar o tronco pesado.
- Tartarugas de água doce: Cryptodira, casco achatado e semi-aquáticas.
- Tartarugas marinhas: Cryptodira, patas traseiras semelhantes a remos, casco achatado e curto na região anterior, vivem nos oceanos.
Todas são ovíparas e colocam seus ovos no ambiente terrestre em covas cavadas pelas fêmeas, a quantidade de ovos varia entre as espécies.
A determinação do sexo dos filhotes de quelônios na maioria das espécies é definido pela temperatura do ninho, se o grau de calor for alto os filhotes serão fêmeas e se for baixo serão machos.
O casco é formado por duas partes: a superior, denominada carapaça e a inferior, o plastrão, juntas formam uma camada óssea externa de placas ásperas e as costelas e colunas são fundidas a carapaça.
Os pulmões são grandes e estão ligados a carapaça por isso é um prática perigosa para esses animais quando pessoas sobem em cima dos jabutis, pois tanto a inalação quanto a expiração requerem atividade muscular, logo essa compressão em cima da carapaça pode comprometer a atividade respiratória do animal.


Répteis

A demoninação Reptila vem do latim reptum que significa rastejar, referindo-se ao modo de locomoção desses animais.
Os répteis foram os primeiros vertebrados a colonizarem os locais secos no ambiente terrestre, isso se deve a uma série de adaptações evolutivas, como: ovo amniótico com casca resitente a perda d'água, respiração pulmonar, órgão copulador que transfere os espermatozóides diretamente para o aparelho reprodutor da fêmea,  pele seca e não mucosa com escamas ou escudos com a função de aumentar a proteção ao atrito e perda d´ água, esqueleto ósseo e musculatura bem desenvolvida em relação aos anfíbios.
O tamanho desses animais são altamente variáveis como as lagartixas de poucos centímetros aos gigantes dinossauros de mais de 24 m.
Estes animais possuem temperatura corporal variável (ectotérmicos), ou seja não conseguem, como as aves e mamíferos, manter sua temperatura corpórea constante e sim é variável conforme o meio ambiente. Por isso, apesar de existirem em todos os principais habitats, são comuns em regiões áridas e semi-áridas, além disso quem nunca observou répteis expostos ao sol? Isso geralmente acontece após se alimentarem, pois há um aumento da temperatura corpórea que promove aceleração do metabolismo.


 Cobra no sol encontrada numa trilha no município de Campina do Monte Alegre/SP


As Ordens mais conhecidas da Classe Reptila são Squamata (largatos e cobras), Chelonia ou Testudine (tartarugas e jabutis), Crocodilia (crocodilos e jacarés) e Rhynchocephalia (tuatara da Nova Zelândia).
A maioria dos répteis habitam regiões tropicais e subtropicais, via de regra tartarugas e cobras são mais comuns em regiões úmidas, largatos em territórios áridos, crodilianos nos brejos ou rios. Largatos e cobras são a maioria terrestres, mas algumas sobem em rochas e árvores a procura de alimentos e algumas serpentes tropicais são predominantemente arbícolas. Tartarugas vivem perto ou dentro d'água e jabutis são exclusivamente de regiões secas.
A maioria dos répteis são carnívoros, mas jabutis , algumas tartarugas e poucos largatos alimentam-se de plantas.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Fortaleza

Dia 25/12, ora de partir!! Mochila nas costas e pé na estrada, aliás em falar em mochila, estou a cada viagem mais orgulhosa da minha, depois de tanto penar com peso extra nas costas, finalmente consegui me livrar do desnecessário!!


Vista da capital cearense da janela do apartamento no flat.


Fortaleza é capital com forma de capital: praias urbanas sujas, prostituição, pobreza, um mar da cor azul turquesa e para começar um baião de dois com bastante pimenta.
Fiquei hospedada no flat Brasil Tropical (http://www.brasiltropical.com.br/), simples e aconchegante, localizado  na praia de Meirelles, uma quadra da praia e apartamento com vista para o mar.
O cronograma dessa viagem foi: Prainha, Canoa Quebrada, Beach Park, Cumbuco, Jericoacoara, Morro Branco e Praia das Fontes.
No domingo dia 26/12 fomos a Prainha, localizada nos arredores do Beach Parque é uma praia bonita, nada de especial, talvez a enorme quantidade de turistas que a visitam nesta época do ano ofusquem a beleza natural do lugar, mas com o pézinho na areia e uma cerveja gelada na mão é o suficiente para me fazer feliz.


Canoa Quebrada

Dia 27/12 foi dia de Canoa Quebrada, tão reverênciada e indicação obrigatória por todos que conversei antes de viajar, mas infelizmente minhas impressões foram as mesmas descritas sobre a Prainha.


Insano, no Beach Park, possui 41m de altura e
 seu corpo chega a atingir 105km/h

Terça-feira, e tcharamm: Beach Park(http://www.beachpark.com.br/), fiz diversas objeções a este passeio, principalmente pelo alto preço do ingresso (R$120,00) e também por já ter ido nos parques aquáticos de São Paulo e Porto Seguro, porém aquele é muito diferente destes e confesso ter adorado despencar de todos aqueles toboáguas!!!
Bom, Tia Lila já diz que eu sou a cagona mais corajosa que ela conhece, para ir no parque aquático eu preciso vencer a hidrofobia e a claustrofobia, algo que as vezes torna-se vexatório, pois imaginem um ser parado em frente a entrada do toboágua olhando e pensando no que pode me ocorrer no caminho, pedindo para as pessoas passarem na sua frente, dando vários indícios de que vai desistir, mas depois de uns 10 minutos resolve ir!!! BIZARRO!!!
Foi em todos os mais radicais, mas não pensem que me arrisquei neste da foto, o Insano. Tive uma experiência com um brinquedo parecido com este, mas com menos altura no Paradise Water Park em Porto Seguro, a qual não me agradou, então optei por não sentir tamanha emoção novamente, porque uma medrosa convicta, mas aventureira tem em sua mente que deve enfrentar pelo menos uma vez na vida o que te aflinge.
Enfim,acredito ser este parada obrigatória àqueles que visitarem Fortaleza!


Passeio de bug em Cumbuco

Dia de Cumbuco (29/12), a praia mais bonita que avistei até esse momento da viagem. Curti a praia e fiz um passeio de bug (R$35,00 por pessoa) de 1h10m com muita emoção nas dunas, vistas paradisíacas e uma parada para o tradicional skibunda por R$ 5,00.


Parque Nacional de Jericoacoara - Ceará/Brasil (Tudo Nosso!!)


Dia 30/12 e a renovação da alma, viajamos 317 km num bate volta insano, mas altamente imperdível: Jericoacoara (http://www.portaljericoacoara.com.br/).
Há uma estrada boa que liga Fortaleza a Jijoca de Jericoacoara, a partir deste ponto é necessário alugar uma 4x4 para adentrar no Parque Nacional.
Como tempo era curto um guia local nos montou o seguinte roteiro: Vila de Jericoacoara, Pedra Furada, Praia do Preá e Lagoa Azul. 
A Vila de Jericoacoara é algo difícil de explicar, mas seria uma mistura de Ilha do Mel/PR, por ser um lugar rústico, com as ruas de areia, com Pipa/RN pela grande quantidade de pousadas e porque a maioria das pessoas que estão ali não são mais nativos.
A praia é exuberante, pude tomar um banho de mar ao pé da duna e refletir sobre boas coisas para o ano que estava por chegar.
A próxima parada foi na famosa Pedra Furada, que não passa de uma imensa rocha esculpida pelas intempéries e é inexplicável a beleza que aquilo representa.


 Pedra Furada - Parque Nacional de Jericoacoara.




Por fim, paramos na Lagoa Azul, de água doce e cristalina, formada no meio das dunas pela água da chuva, um verdadeiro aconchego.
O último dia de viagem foi marcado pela visita ao Monumento Natural de Beberibe, onde ficam as famosas falésias de areia colorida, um lugar muito bonito, mas altamente impactado devido ao vandalismo que sofreu em épocas anteriores.
A noite foi promissora, com a virada de ano no aterro da praia de Iracema com show do Caetano Veloso, Martnália e Bateria da escola de samba carioca Vila Isabel, completado pelo mais lindo espetáculo de fogos de artifícios que vi na vida, tudo isso para dar boas vindas ao ano das mudanças e escolhas mais complexas da minha vida. 





quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Armagurado

- Uma bebida?
- Não, Obrigada. – (O álcool não é remédio para tudo – pensei).
- Podemos continuar?
- Se for produtivo, do contrário prefiro ficar só, com minhas amarguras do mundo perdido em injustiças.
- Será, eu prometo.
- Acho que não, de qualquer forma meu sangue sempre escorrera  e borbulhará  como um vulcão enfurecido.
- Te amei, mas...
- Nada de clichês opacos e sem vida, já que me faz perder o tempo e a cabeça, ao menos use a criatividade!!
- .......
- Agradeço o silêncio, ao menos respeita a minha dor.
- Você vai sair dessa!! Você merece!
- Amigo, o que pretende??
- Fazer com que encontre a verdade sobre ti.
- A verdade nua é essa, o  que despencou foi o conto de fadas em que eu vivia!
- Veja melhor, sua vida assim destruída...
- Destruída!!! Jamais!!! Apenas animada demais, como uma montanha russa. Quer saber, não sei o que faço aqui, idiotice a minha pensar que poderia superar. Tudo sujo e deserto, só caminho entre a destruição e o medo, mundo perverso, repleto de desejos voluptuosos, reprimidos pela moral. Num lugar onde os bens é que mandam, você acha possível encontrar o verdadeiro amor?
- Sim, sempre há lugar para o amor.
- Ok, conta outra, desisto de tudo, menos da vida, por covardia é claro.
- Você me assusta! Isso é um verdadeiro drama!
- Drama porque não fui eu que destruí sua vida e sim você que destruiu a minha! Quer a verdade, não é!!?? Essa é a verdade!! Me faço de forte todo esse tempo, para não parecer vítima, para não ter dó de mim mesma! Me refaço aos poucos e até me divirto, mas desacreditei em muita coisa! Culpa sua!!
- Como um país mal colonizado?
- Não, isso é muito mais complexo, mas como uma floresta destruída, você pode até recuperá-la, mas jamais será a mesma, entende?
- Normal?
- Desde que você não perca a sua essência boa e eu não sou mais uma pessoa boa, sou cruel com os outros como você foi comigo...um pouco pior talvez, tenho prazer em deixar as pessoas na lama!
- Enlouqueceu!!
- Só se for de tédio, com essa conversa infeliz, tem muito espaço lá fora, preciso ir, vou tentar me encontrar.
- Vamos nos ver mais vezes!!!
- Que animado!! Desculpe meu bem, mas você me causa náuseas. Espero não ver essa sua cara insolúvel nunca mais!!! – (irritação)
- Espere!! Tenho um presente!!
(Risos Cômicos)
- Você sempre tem presentes, não é? Tudo bem, dê-me, adoro-os,  como marca de mais uma despedida, entre tantas. Adeus!
Sai, cospe na cara do ser amado.
Na rua, entrega o presente ao primeiro mendigo, o qual abre e se depara com um bilhete premiado da mega-sena.
Resmunga:
- Sempre te amarei, seu canalha!!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Paz


Seu lindo sorriso
lembranças que me fazem bem,
Uma alegria maravilhosa.
sinto saudade de seus olhos, de seu rosto,
de seu modo de olhar pra mim
mesmo que nunca tenha sido com amor
sempre senti muito carinho
e este me conforta.
Bela menina, grande mulher!
Um sonho que ainda tenho
de te rever, de te ver sorrir
e novamente ter este olhar em minha direção.


(Renato Loeb)