terça-feira, 30 de agosto de 2011

Belo Monte, Não!!!!





Re-experimentar sensações. Apesar do cinza de gelar o coração explodiu a vontade de viver e de me vencer. Encontrar-me esse foi o objetivo. Sai para luta esperando não encontra-la devido ao mal tempo, grande engano, lá estava aquela energia vibrante da multidão que sabe o que é realmente importante.Aproximei-me timidamente, como quem só quer tirar algumas fotos e de repente lembrei que aquela luta também é minha!
Entonei alguns cantos e me emocionei lembrando de quem eu era e matei. O pranto foi inevitável ao lembrar da floresta e das pessoas enxotadas dos seus devidos lugares. 
Entre os dias 20 e 22 de agosto de 2011 várias cidades brasileiras e ainda 15 países se manifestaram contra a construção da Usina Hidrelétrica denominada Belo Monte, que será instalada no Rio Xingu localizado na Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas, atingindo diretamente 3 municípios paraenses: Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo, provocando a inundação de 668 Km² de Floresta Amazônica e a expulsão de mais de 50.000 habitantes da região.
A sazonalidade do Rio Xingu é o principal ponto de discussão em respeito da viabilidade do projeto, em épocas de seca a Usina Belo Monte poderá gerar 93% menos energia do que o previsto, porém é a maior obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal, estando envolvidos cerca de R$ 30 bilhões e após concluída será a maior Usina Hidrelétrica exclusivamente brasileira.
Embora o Jornal Nacional da Rede Globo tenha divulgado um conto de fadas, obras semelhantes como a UH de Estreito no Tocantins, conforme divulgado pela revista "Caros Amigos" de agosto, é um exemplo negativo de promessas não cumpridas à população afetada, segundo a jornalista Débora Prado a construção da UHE "só gerou pobreza e desolação por onde passou."
A manifestação na cidade de São Paulo, aconteceu no dia 20 de agosto, levando as ruas cerca de 1.000 pessoas, que reuniram-se no MASP, seguindo pela av. Paulista até a Rua Haddok Lobo onde esta localizada a sede do IBAMA na capital paulista.
Tentando expressar os meus sentimentos através da fotografia, ganhei o dia com a imagem daquele meio sorriso, que estava ali sem saber o porquê: a pequena descendente indígena não sabia da sua função ali, mas representava muito bem a marginalização sofrida pelos povos indígenas desde que estas terras foram invadidas. 
Lindos rituais foram apreciados pelos presentes que aclamavam por respeito e dignidade a vida, e então a fogueira foi acesa e o trânsito da Avenida Paulista interditado!





Entre buzinas e irritações, os paulistas obcecados pela pressa não sabiam o que estava acontecendo, estes eventos não interessam a mídia que nos manipula, porém aqueles doidos só queriam chamar atenção para um mundo melhor.
O povo gritava: " Se Belo Monte não parar, nós vamos parar o Brasil!!", mas os gananciosos estúpidos gritam: " Belo Monte vai continuar, porque o Brasil não pode parar."
Lamento, o canteiro de obras já esta instalado e não há humanidade no mundo que pare o dinheiro.


Fotos: Mariana Paz
Links consultados:
http://www.xinguvivo.org.br/
http://www.socioambiental.org/